Já passou da hora de aprender a viver

Como somos criaturas estranhas! Recebemos lições a todo momento em nossas vidas; em cada uma delas dizemos que as aprendemos... o tempo passa, esquecemos e voltamos às mesmas atitudes de antes. Isso acontece comigo e acho que com muita gente também.
Peguei, ontem, de uma hora pra outra, um resfriado fortíssimo, que aliado à rinite alérgica, me levou para a cama. Puxa! Passei muito mal... não conseguia respirar direito, espirrava como uma doida, dores por todo o corpo... parecia que até a alma doía. Uma coriza que não me dava sossego! Não podia nem me mexer na cama. Achei uma posição e nela fiquei, pois se virasse... os espirros, a coriza, o sufocamento voltavam com tudo!
Já que estava ali mesmo, forçada, sem poder sair, fiz reflexões que costumo em situações como essa.
Meu Deus! Como é bom estar com saúde! Ela é um bem tão valioso que se tivéssemos essa consciência também teríamos a de que somos criaturas privilegiadas quando ela está conosco.
Já imaginou como é bom andar sem nada estar nos perturbando? Já imaginou como é demais andar sem dor, com vontade e disposição para fazer o que queremos? Já imaginou a maravilha que é ter ânimo para trabalhar, ir para a cozinha e fazer um delicioso bolo, arrumar uma casa, lavar uma roupa ou poder sair para conversar com amigos, almoçar com a família?
É... esses são atos simples do dia-a-dia que só podemos fazer se tivermos saúde. Muitos acham que o dinheiro resolveria tudo, e que ele é o que de melhor podemos ter. Que nada! Se não houver saúde, ele de nada adianta! E também não adianta ter amigos, casa bonita, carrões na garagem  e tantos outros bens materiais... se não tivermos saúde, nada aproveitaremos!
Por que não a apreciamos quando a temos? Por que não agradecemos por tê-la? Por que só nos conscientizamos de sua importância quando a perdemos? Por que só fazemos reflexões como essa, que estou a fazer, quando ela está longe de nós? E o pior... por que depois que ela retorna, só nos primeiros dias ainda lembramos de sua importância e depois nos esquecemos... e  volta tudo a ser como antes?
E é assim em outras situações também. Quando alguém se vai definitivamente, valorizamos a vida e, pouco depois, já agimos como se nem lembrássemos do quanto ela é preciosa? Por que só damos valor às pessoas, só reconhecemos suas qualidades, quando elas já não mais estão do nosso lado? Quando não mais podem ouvir o que representaram na nossa vida, quando não mais podem sorrir por ver-se amada e respeitada? Depois...é tarde! De nada mais adianta!
A história nesta situação também se repete. Dizemos que vamos olhar as outras pessoas com olhos diferentes daquele momento em diante. E, de fato, o fazemos, mas... pena! Acontece só por alguns dias! Depois esquecemos tudo e voltamos à vidinha medíocre, de eternos julgadores das atitudes alheias, como se fôssemos perfeitos e os nossos defeitos muito menores que os dos outros.
Ahhhh! Como somos inconstantes e agimos com tão pouca ou quase nenhuma sabedoria diante da vida, das pessoas, de nós mesmos! Somos do momento. Ele passa e passamos juntos. Crescemos num instante diante de um mistério e voltamos a estatura medíocre tão logo a poeira abaixe e as águas voltem ao seu curso normal.
Precisamos pedir a Deus sabedoria e inteligência para compreendermos as lições que nos são dadas  a cada dia. Precisamos agir no presente e com o olhar voltado para as lições do passado. Talvez assim nos tornemos criaturas melhores, mais felizes e que dão sua contribuição para tornar melhores as relações humanas. Temos que ter inteligência e sabedoria suficientes para compreender que tudo na vida é passageiro e que cada momento precisa receber o seu devido valor. Tirar lições e colocá-las em prática é necessário para sermos criaturas mais sensíveis, amorosas,  generosas e menos egoístas.
De um resfriado para uma reflexão sobre o que realmente importa nesta vida... só a doença, só a dor, só a ausência são capazes de nos fazer enxergar o valor do seu contrário. Espero que não precisemos de repetidas lições para aprender o essencial de cada uma.