Sinta-se à vontade em passar pelos meus textos. Leia-os sabendo que, quem os escreveu não teve nenhuma pretensão, a não ser a de brincar com as palavras, uma de suas maiores paixões. Obrigada pela visita!
É dando passos que nos equilibramos e nos desequilibramos.
É nas passadas, grandes ou pequenas, que descobrimos a existência de obstáculos na virada de cada esquina.
Ninguém chega a lugar nenhum se não passar por caminhos de todos os tipos: retos, tortuosos, de subida ou descida, lisos ou cheios de pedregulhos.
Ninguém caminha apenas por caminhos retos e lisos, por mais que deseje intensamente isso!
E é exatamente esse caminhar, feito de altos e baixos, que nos faz ganhar experiência e descobrir que nada somos e nada sabemos ou muito pouco sabemos.
Quando achamos ser portadores de alguma verdade ou até mesmo de todo saber, vem logo, na próxima curva, uma placa de alerta: Cuidado! É cedo demais para pensares assim!
Não admitimos para os outros que não sabemos! Ah, isso é vergonhoso - pensamos. Mas para nós mesmos essa verdade aparece, lá dentro, teimosa, indesejada a nos humilhar ou a nos cutucar para cairmos na real.
Vamos, com todo aparato de caminhantes, descobrir o que os caminhos nos revelam e para onde as estradas nos levam. E façamos um favor a nós mesmos: não vamos achar que somos os únicos a passarmos por ali! É... esses mesmos caminhos e estradas foram percorridos por muitos caminheiros antes de nós.
Não vamos nos encher de orgulho e achar que o que existe na estrada e a forma como está é porque a estamos percorrendo e plantando flores às suas margens!
Abaixemos a cabeça e olhemos bem para ela! Se o fizermos, perceberemos que o chão está batido, calçado ou asfaltado. Fizemos isso tudo sozinhos ou apenas com aqueles que, no momento, caminham conosco?
Se hoje a encontramos marcada é porque muitas histórias foram escritas ao longo de anos, séculos, milênios!
Imaginem quantas vidas, quantos sonhos, quantas lágrimas, quanto suor, quantos passos nas idas e vindas dessas estradas?
Não sejamos prepotentes a ponto de acharmos que sua beleza é fruto apenas do nosso caminhar hoje!
Não sejamos ingratos nem orgulhosos a ponto de desmerecermos ou ignoramos os que antes de nós, cada um a seu tempo e a seu modo, traçaram um pouco desse caminho!
Ninguém sobe uma escada se ninguém a construiu! E já pensaram que quando subimos por uma nem lembramos das mãos que a fizeram?
É... vamos caminhar e aprender! E vamos nos lembrar sempre dos que nos precederam sem desmerecê-los.
Convido-os a pensarem assim:
Se reformo a casa, o mérito não é só meu, afinal alguém a construiu.
Mesmo que não aproveite quase nada dela, ainda aproveito seu alicerce. E se nem ele aproveito, construo em cima de um espaço que abrigou sonhos e vidas como a minha; alegrias e decepções como as minhas; que foi alvo de derrotas e conquistas como também sou.
Há lugar melhor para se aprender do que o de percorrer caminhos?
Há momento melhor para aprender do que ir plantando flores e arrancando espinhos para não ferir os que ainda estão por vir?
Há tempo melhor para aprender do que o hoje, sem esquecer que houve passado e muitas vidas nele?
Caminhe pensando no que constrói, no que pretende construir e nos que construíram antes de você!
Só assim terá sentido seu caminhar e a estrada será bela, pois marcada não só pelo seu passar, mas pelos de antes e pelos que ainda por ela caminharão!
A vida é um mistério. Na lógica acontece assim: nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. Simples, aparentemente. Será?
Quando crianças, somos cercados de mimos e chamamos a atenção de todos. Nas menores ações somos notados: é o primeiro sorriso, o primeiro dentinho, os primeiros passos, a primeira queda, as primeiras palavras... tudo é visto como se fosse mágico e, de fato, o é. Nada mais belo que o sorriso de uma criança, seu jeito engraçadinho de falar, seus olhinhos curiosos, sua forma de descobrir as pessoas e o mundo, os sons, as cores. E a pureza de seu coração? É de uma beleza indescritível. É como um circo a fase da infância: brincadeiras, sorrisos, cores, imaginação, fantasias, sons, música, espetáculo.
Ao crescer e chegar na adolescência, chegam também seus primeiros problemas, afinal, começam a se transformar física e psicologicamente. É esta a fase bela das descobertas, das perguntas, do "quem sou eu?". É essa a fase em que surgem os desencontros entre filhos e pais, os famosos conflitos de gerações. Eles, os filhos, achando que tudo já podem e querendo ouvir apenas "sim"; eles, os pais, vividos e experientes, dizendo mais "nãos". Confusão gerada! Fase linda e problemática para ambos. Mas passa.
Vem a juventude. Linda! Cheia de vida, de planos e sonhos! Agora já mais comprometida, pois é trabalho, continuidade dos estudos na universidade. Nela, o amor mais maduro nascido, quem sabe na adolescência? O sofrimentos pelos fracassos, insucessos, desilusões já aparecem, também iniciados na adolescência, mãe do começo de uma vida mais responsável e menos livre.
Muitos nesta etapa da vida se encontram e vão se realizando; outros, aos poucos vão se perdendo na tentativa de se encontrarem. Para grande parte a vida ganha aqui seu contorno.
Na fase adulta, a seriedade se instala. É a vida independente, mas compromissada com alguma causa ou estado. São as preocupações com o futuro, com o trabalho, com as dívidas, com os filhos, uma vez que grande parte já está casada e tem os seus ou, pelo menos, pensa em tê-los. E o descompromisso, a vida "livre, leve e solta", fica para trás. Surgem agora os compromissos inadiáveis, o trabalho tomando conta de grande parte do tempo, a carência desse mesmo tempo para se dedicar mais à família e a consciência pesada por isso. Mas passa!
Vem a velhice, para muitos vista como uma fase de aproveitar o tempo, para fazer o que não se pode na idade adulta, devido ao excesso de trabalho e compromissos. Muitos são felizes, pois juntam experiência e tempo para desfrutar o que a vida ainda lhe reserva. Outros se sentem rejeitados, peças que incomodam e sem valor. Esses não veem mais sentido em viver, entregam-se, ficando apenas esperando a morte e reclamando de doenças e mais doenças. Triste pensar que existem idosos assim! Todavia, existem. Mas fico feliz por ver que hoje, grande parte já encara a velhice como a "melhor idade" e sabem muito bem dela desfrutar.
De todas essas fases, a mais bela é a da infância. Nela não há maldade nem malícias. Uma criança não olha para a outra e põe falas na sua boca. Não julga nem condena ninguém. Aliás, ela nem sabe o que é isso!
A pior de todas as fases é a adulta. Muitos veem maldade em tudo e em todos. A todos julgam. A todos condenam como se a eles fossem dados tais poderes. Quem confia plenamente num adulto? Muitos agem de acordo com seus interesses, ainda fazendo o outro crer que é para o seu bem. Muitos se acham melhores e mais fortes que os demais. Muitos se esquecem de que são vasos de louça e podem se quebrar. Muitos se esquecem de que são tão humanos quanto os outros e portadores das mesmas fragilidades.
Adolescência e velhice são conflituosas em muitas situações, mas não são julgadoras nem intolerantes. A primeira por estar se descobrindo e se encantando com tudo; e a segunda por estar se reencontrando consigo mesma e por ter aprendido com os altos e baixos ao longo da vida.
Não é mesmo um mistério a vida? Chamo-a de mistério porque incompreensível e inexplicável. Foi nos concedida para que edificássemos, mas quantas e quantas vezes somos instrumentos de destruição? Foi nos dada de presente para alegrarmos com ela o coração do mundo, mas quantas e quantas vezes somos portadores de lágrimas?
Voltar a ter um olhar de criança é um convite para transformarmos nossa vida e a vida dos outros naquela que foi pensada por Deus quando pensou o homem.
"Deixai vir a mim as crianças, porque delas é o Reino dos Céus." (Mt 19, 13-15)
Amar como Jesus amou - Pe. Zezinho, scj - regravada por Pe. Marcelo Rossi
Essa música diz bem o que devemos fazer para sermos como crianças e sermos, um dia, merecedores do Céu!