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Sinta-se à vontade em passar pelos meus textos. Leia-os sabendo que, quem os escreveu não teve nenhuma pretensão, a não ser a de brincar com as palavras, uma de suas maiores paixões. Obrigada pela visita!

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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Inesquecíveis!!!

                                               
Muita coisa em nossa vida se torna inesquecível. Cheiros, sons, gostos, lugares, pessoas, sentimentos...
Quando nos lembramos deles é como se estivéssemos revivendo tudo, exatamente como aconteceram. E essas lembranças doces e suaves nos fazem refletir que a vida vale a pena e que é grande, nós é que nos esquecemos das partes que se juntaram para fazê-la, por isso, em muitos momentos, reclamamos. 
Vou tornar mais viva ainda minhas memórias registrando aqui  momentos inesquecíveis vividos quando criança e adolescente na fazenda de meus avós maternos. Essa história não vivi sozinha e não existiria se não fossem os outros: minha família e amigos.

Tudo começava, quando meus pais diziam: Amanhã vamos pra Barra! (esse é o nome que marcou o lugar onde residiam meus avós). Quase não dormia direito e levantava cedinho pra empreender aquele que era o nosso passeio certo e de sempre. Entusiasmada e eufórica, pegava minha bagagem (não era muita) e, junto dos meus, pé na estrada! Seguia pela linha do trem. Que paisagem linda e quantas histórias aqueles caminhos podem contar! Ora andando em cima dos dormentes, ora nas estreitas trilhas ao lado dos trilhos, ía conversando com meus pais e irmãos, contando histórias, dando risadas. Meu pai se revezava carregando a mim nos ombros e a meus irmãos. Eu era a que ele mais carregava (acho que por ser a mais fraca deles!).  Era longe, mas nem sentia cansaço tantas eram as coisas pra observar. Havia umas duas minas ao longo do caminho onde parava pra matar a sede e me refrescar. Ao passar pela Pirambeira tinha tanto medo! As águas do Capivari desciam fortes e formavam pequenas cachoeiras barulhentas que me impediam de ouvir o barulho do trem que circulava várias vezes ao dia, inclusive o de passageiros. Quando vinha um, era aquela correria pra achar um lugar adequado e seguro pra me encostar e vê-lo passar. O maquinista apitava, dava tchauzinho para os passageiros, o coração batia forte e tremia. Costumava contar os vagões quando eram de carga. Nossa, tinha uns tão grandes! Ficava extasiada com tantos vagões passando imponentes e majestosos perto da gente!
Sabia que estava chegando na Barra, quando avistava os enormes coqueiros a se destacarem das demais árvores da redondeza. Que bela visão: sinal de descanso e que me encontraria em pouco tempo com meus avós e passaria momentos muito agradáveis. Assim que avistávamos a casa da Barra, vinha a recepção de cachorros latindo e pulando de alegria com nossa chegada (morria de medo!). Logo na porta, abraço apertado de meu queridos, a quem carinhosamente chamávamos de Padrinho e Madrinha. Na mesa bolinho com café fresco, banquinho ao lado do fogão, prosa boa depois do almoço, colchão de palha e travesseiro de paina pra dormir com direito a nariz preto no dia seguinte, provocado pela queima do querosene que alimentava as chamas da lamparina.
Meu avó era tão alto que meu abraço de menina fazia minha cabeça encostar-se no altura de sua cintura! Respeito... era demais. Só de olhar em seus olhos já sabíamos se estava alegre, bravo, chateado, emocionado. Nenhum de nós ousava nem pensava em levantar a voz para ele. Abraçávamos esse avó com tanto amor e respeito que ao pedir sua benção, beijávamos suas mãos! Sempre sentado no banquinho, raspando fumo pro seu cigarrinho de palha, contava-nos histórias e mais histórias. Nossos olhos brilhavam! Que saudades, meu Deus!!! 
Minha avó, baixinha, com sua meiguice, sempre de saia abaixo dos joelhos, paletozinho de lã, cabelos alinhados e em coque, voz mansa, comida gostosa, casa limpinha, água da mina pra encher o filtro e cozinhar, carinho e amor sobrando pra distribuir. Enxergava com a nitidez de uma menina no alto de seus 80 anos! Não me lembro de vê-la reclamando de nada e só adoeceu quando chegou sua hora de partir deste mundo. Que encanto de pessoa! Que presente de Deus! Que lembranças adoráveis dessa baixinha querida!
A oração naquela casa era constante. Num cantinho do quarto deles, um pequeno altar onde eram colocadas as imagens, os terços, as orações. Pelo radinho de pilha, as quinze horas, através da Rádio Aparecida, ouviam a Consagração à nossa Senhora Aparecida na voz do Pe.Vitor Coelho de Almeida, e tudo isso era feito de joelhos em frente ao rádio. A meditação do terço era oração diária e com uma fé, que me emociona até hoje só de lembrar! A fé de minha família é herança dos exemplos deles.
E as frutas de lá?! Sempre tinha: era laranja, jabuticaba, araçá, manga, limão, goiaba, caju, uva, coco... cada uma na sua época e com um cheirinho que guardo na memória. Cheiro e sabor diferentes porque misturados a momentos especiais de minha vida.
E os animais?! Em todos uma graça e uma história. Algumas de medo, outras de graça e beleza. Das vacas, bois e cachorros morria de medo a ponto de, ao chegar dentro de casa, achar que meu coração ia saltar pela boca tanta era a adrenalina. Dos cavalos... ah, desses também nunca fui muito amiga. Nunca soube andar direito e em uma das vezes um deles disparou comigo pelo campo e só parou quando Deus quis, porque eu já não conseguia controlá-lo há um tempão! Outra vez eu e minha irmã passamos montada em um por debaixo de uma árvore e fomos as duas direto para o chão. 
Gostava das galinhas, dos pintinhos, de procurar ovos nos ninhos; dos gatos também e até jogá-los para cima achando que eram aves e que poderiam voar, já fiz. Adorava pegar peixinhos e girinos nos lagos que existiam por lá. Andar descalça na areia branca me fascinava.
A volta pra casa era cansativa, pois, afinal de contas, já havia vivido muitas aventuras por lá. Chegava em casa "morta", mas feliz e pronta para o próximo final de semana!
Bom demais! Fui feliz demais! Amei demais!
Sofri demais também quando Deus levou meus padrinhos: primeiro meu avô. Foi um choque e uma dor tão grande que trago marcas físicas pelo corpo até hoje. Depois minha vozinha, minha madrinha, minha pequenininha. Foi-se tão leve e tranquila como foi suave e de paz sua vida. 
E a Barra, por mais que ainda seja boa, jamais foi a mesma!
Ainda bem que Deus nos deu as lembranças e a mim, especialmente, tantas e tantas, que os vejo e sinto vivos dentro de mim e assim será até que um dia os encontre na eternidade.
Obrigada, Senhor, pelos tantos presentes inesquecíveis que me deu e pelos que continua a me dar.
Histórias assim só podem marcar pra sempre nossas vidas. 
Histórias assim só podem dizer pra gente uma coisa: vale a pena viver e recordar!
Histórias assim só podem fazer de mim uma pessoa feliz!

6 comentários:

  1. Elzi essa linda história me emocionou muito! são lembranças verdadeiras de um amor verdadeiro. Nada pode ser mais puro!!!!
    abração

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  2. Obrigada, Pati! Foi com a mais pura dos intenções e veio, realmente do fundo do coração.
    Bjs

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  3. Suas lembranças são minhas tbém, pois partilhamos juntas desses momentos. Parabéns pelos textos,são lindos. E quantas recordações!!!

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  4. Então... vivemos tudo isso e marcou nossas vidas. Temos história pra contar, irmã!
    Bgda!

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  5. Oi Elzi, tive uma infância semelhante a sua, quando você diz ir para fazenda dos avós, fiz muito isso, tanto para avós maternos quanto paternos, nossa famosa "Cachoeirinha", muitos primos e primas, dois deles já não se encontram mais aqui, só a saudade (Luiza e Jorge). Por outro lado a Fazenda do "Tanque" próximo ao Rosário terra que gosto muito. Quando íamos para Fazenda do Tanque, sempre a cavalo, papai e eu na garupa, mamãe com Sueli na garupa carregando a Dulce no arreio. Mas eu passava medo, porque o cavalo do papai era sempre bravo e pulava, para abrir as porteiras o cavalo se mexia tanto que eu até chorava de medo de cair. Tempo inesquecível. Foi muito bom ler o seu texto, me fez reviver grande parte da minha vida. Parabéns pelo seu blog, esta muito interessante.
    Abraços Maria Lúcia

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  6. Que bom, Maria Lúcia, saber que vc lê meu blog. Ele me ajuda a reviver minhas histórias e a refletir sobre mta coisa que vejo e sinto.
    Fiquei feliz por tê-la ajudado a recordar-se da sua infância também. Damos muito mais valor às pessoas quando recordamos o que fizeram por nós, não é?
    Um gde abraço! E continue lendo sempre que tiver vontade. Se quiser criticar, estou aberta a isso, afinal as críticas nos ajudam a crescer.
    Valeu!

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