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Sinta-se à vontade em passar pelos meus textos. Leia-os sabendo que, quem os escreveu não teve nenhuma pretensão, a não ser a de brincar com as palavras, uma de suas maiores paixões. Obrigada pela visita!

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sábado, 8 de outubro de 2011

Saudades de minha infância


Que saudades do meu tempo de criança
quando a pureza tomava conta de mim
e tudo era só alegria, brincadeira, fantasia
tristeza, mágoa e dor ali não existiam.

Que saudades de quando a chuva caía
formando enxurradas em frente de minha casa
e com meus irmãos saía pra fazer moinhos com talos de mamona
que, pra me fazer sorrir sem parar, rodavam sob a força da água.

Que saudades de brincar com vaquinhas
boizinhos, bezerrinhos e outros animais
feitos com chuchus e palitos de fósforos
colocados em cercas de pequenos gravetos catados no chão.

Que saudades de quando entrava pro meu quarto
e deitada na cama que dava de frente pra janela
olhava pro céu azul, vendo as nuvens passarem
tentando desvendar as formas que desenhavam nas alturas.

Que saudades de duas bonecas de papelão
presente tão esperado de Natal por mim e minha  irmã
que, na inocência, destruímos tentando dar nelas
o banho que víamos nossas amigas ricas dando nas suas.

Que saudades das festas de outubro
quando estreava roupa nova, ganhava um picolé
que poupava ao máximo pra sentir por mais tempo
aquele gosto geladinho na boca - sensação inesquecível!

Que saudades de subir na goiabeira do nosso quintal
e ficar lá por horas sentada no encontro dos galhos
sonhando as mais variadas histórias
que minha fértil imaginação conseguia produzir.

Que saudades dos momentos sofridos
como o que deixei o leite que buscava todos os dias
derramar em frente à casa do vizinho. Desespero!
Que desculpas dar pra minha mãe? Onde arrumar outro?

Que saudades do tempo em que pulava corda
assistia filmes e novelas na casa do meu tio!
E quando meu pai comprou uma TV!
Imaginava que, de preto e branco, se transformaria numa tela colorida!

Que saudades dos seriados que me faziam sonhar depois que acabavam:
Túnel do tempo, Terra de Gigantes, Perdidos no Espaço, Jornada nas estrelas
Viajam ao fundo do mar, A noviça voadora, Shazam, A corrida maluca...
em cada um deles me via na pele de um dos personagens.

Que saudades dos almoços de domingo
quando comíamos a deliciosa macarronada feita pelo meu pai,
o franguinho ensopado preparado com carinho por minha mãe
e as sobremesas que só saboreávamos naquele dia da semana.

Que saudades de ficar sentada num banquinho
bem em cima do fogão à lenha na cozinha
me aquecendo nas noites frias junto de meus irmãos
A ouvir as cativantes histórias de meus pais.

Que saudades das idas pra fazenda de meus avós
seguindo bem cedinho pela linha do trem
e do sentimento de pavor que tinha dele ao ir e vir
e do barulho ensurdecedor das águas da Pirambeira.

Tenho saudades até dos meus medos:
dos cachorros que insistiam em me receber
assim que me viam chegar lá embaixo na porteira
e  das vacas, galinhas, galos e cobras pelos caminhos.

Que saudade dos cafés da tarde
simples, mas com cara de delícia:
bolinhos de chuva, de polvilho, angu doce com queijo
mingau doce de fubá e farofa com ovo!

Não tinha na minha infância
nada que grande parte das crianças têm hoje.
Mas criava minhas brincadeiras e imaginava até estar voando pela cidade.
Tinha apenas o essencial, nada me sobrava, nada me fazia falta.

Não trocaria nada do que tive
pelos celulares, vídeo games e computadores de hoje.
Não trocaria minha infância simples e pobre
pela infância de agora, rodeada de tudo e vazia de imaginação.

Fui feliz na minha infância!
Sonhei, criei, imaginei, construí e vivi como criança
Por isso tenho tanta saudade e se pudesse, nem que seja por um instante
voltaria para rever os urubus que planavam no céu e me encantavam.

Voltaria pro meu passado para agradecer a meus pais
pela educação que me deram, pelos puxões de orelha que recebi
pelos limites que me impuseram, pelos valores que me ensinaram
e pelo amor que me deram sem me paparicar ou estragar.

Que saudades da minha infância!

Um comentário:

  1. É muito bom ter histórias pra contar aos filhos da nossa infância e de tudo que já vivemos. Foi muito bom ler o que escreveu, pois isso me fez recordar de tudo que vivemos juntos.

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